Este informe apresenta alguns resultados de uma investigação que examina práticas educativas de um grupo de mães, moradoras de São Miguel Paulista, bairro da periferia da extrema Zona Leste de São Paulo, que se destacou por seus esforços na escolarização dos filhos, mesmo expostas a grandes riscos sociais e vivendo numa região marcada pela vulnerabilidade.
A análise foi realizada por meio de retratos sociológicos, construídos com base em entrevistas semiestruturadas, junto ao acompanhamento do cotidiano dessas mulheres. As conclusões do estudo revelam as grandes expectativas que essas mães depositam na escola e esforços realizados diretamente por elas ou delegadas a terceiros, como filhas mais velhas ou instituições.
A pesquisa traz elementos para compreender como famílias residentes em territórios vulneráveis se relacionam com a escolarização de seus filhos. Para tanto realizou pesquisa de inspiração etnográfica junto a 12 famílias moradoras de um bairro de periferia da cidade de São Paulo. As mães foram as principais informantes. A metodologia de análise dos dados consistiu na construção de retratos sociológicos de cada uma das mães e numa análise transversal desses retratos.
Os resultados permitem concluir que as mães pesquisadas atribuem grande valor à escolarização de seus filhos, embora o envolvimento com essa escolarização dependa do grau de vulnerabilidade das famílias. Permitem também caracterizar esse tipo de envolvimento, os significados atribuídos à escola, e a natureza e os tipos de esforços realizados para assegurar a permanência na escola e uma escolarização mais longa, limitada, porém, em geral, pela conclusão do ensino médio.
Este artigo é um dos produtos da pesquisa Família, escola e território vulnerável.