A leitura literária pode ser uma ótima aliada ao estudo de todas as disciplinas. Seja o romance, o conto, o poema, todos os gêneros literários podem trazer elementos para o trabalho com temas de várias áreas do conhecimento. No entanto, é imprescindível lembrar que a leitura literária deve prezar, em primeiro lugar, pelo prazer de ler em si, sem se prestar a ser mero instrumento para a aquisição de outros conhecimentos.
História e cultura afro-brasileira e indígena
A literatura pode ser uma importante aliada no estudo dessa temática, cujo ensino se tornou obrigatório no Brasil a partir da Lei 11.645/08. Um trabalho interessante é a pesquisa da imagem do indígena e afrodescendente em obras literárias de diferentes épocas. Tanto nos mapas da Plataforma quanto no dos leitores, você encontra indicações de livros que tratam da cultura afro-brasileira, como Gosto de África (Joel Rufino dos Santos), O cabelo de Lelê (Valéria Belém), Úrsula (Maria Firmina dos Reis) e Batuque (Bruno de Menezes). Os estudantes podem analisar, por exemplo, como o afrodescendente figura nessas obras e compará-los com a representação da personagem tia Nastácia, em Reinações de Narizinho. (A respeito da polêmica em relação ao racismo de Monteiro Lobato, leia este artigo publicado na revista Carta Capital.) Outro autor interessante para se discutir a representação do afrodescendente e da escravidão na literatura é Machado de Assis. Um texto bastante contundente nesse sentido é o conto “Pai contra mãe”.
Em relação à cultura indígena, você pode propor a comparação entre obras do chamado romantismo indianista, como Y Juca Pirama (Gonçalves Dias), e obras escritas sobre indígenas por indígenas, como Meu vô Apolinário (Daniel Munduruku). De que forma o indígena e sua cultura são representados em cada uma dessas obras? Quais são as principais diferenças? Há semelhanças? O que essas diferentes imagens podem indicar a respeito do momento histórico em que essas obras se inserem?
Essas pesquisas podem ser realizadas em parceria com professores de outras disciplinas, como o professor de História e o de Artes. Este último pode discutir com a turma de que forma os afrodescendentes e indígenas são representados em obras de arte ao longo de nossa história e o que essas representações revelam acerca de nossa sociedade, por exemplo.
Literatura e História
Há muitos escritores que usam episódios da história brasileira e mundial como pano fundo de suas estórias. Erico Veríssimo é um deles. Sua obra “Ana Terra”, primeira da trilogia O tempo e o vento, por exemplo, retrata as lutas do início da República. Uma atividade interessante é pedir aos alunos que construam o perfil da protagonista Ana Terra. Para isso, precisarão mergulhar nas atitudes desse personagem, o que os levará a refletir sobre como era uma jovem do século XVIII: Quais seus sonhos? Quais seus medos? Quais eram as expectativas que a família e a sociedade tinham em relação às mulheres naquele contexto? O que mudou de lá para cá? Essa discussão pode ser um ponto de partida interessante para discutir o papel social da mulher ao longo da história e nos dias atuais.
Literatura e Geografia
Muitos livros de literatura que retratam determinada região podem ser o ponto de partida para a pesquisa de aspectos como vegetação, clima e cultura locais. No mapa da Plataforma, há indicação de obras que podem dar origem a trabalhos interdisciplinares entre geografia e literatura. Por exemplo, os contos de Sagarana (Guimarães Rosa), que se passam no sertão mineiro, podem inspirar trabalhos sobre a pecuária e a agricultura da região; a vegetação e a fauna do cerrado; entre outros. O livro Amazonas: águas, pássaros, seres e milagres (Thiago de Mello), inspira uma pesquisa sobre a cultura e a natureza amazonense. O livro Meu vô Apolinário (Daniel Munduruku) pode ser mote se pesquisar a relação dos povos indígenas com os elementos da natureza.
Literatura infantil e Matemática
Muitos livros indicados para a Educação Infantil e início do Ensino Fundamental abordam conteúdos da Matemática: quantidades, formas, contagem e habilidades de previsão, checagem, percepção, localização, entre outros, podem ser explorados a partir da literatura.
Pense nas histórias infantis que você conhece e certamente conseguirá imaginar perguntas relacionadas à matemática que poderá fazer para as crianças da Educação Infantil e em início de alfabetização. Por exemplo: Quantos porquinhos temos aqui? Quais serão os próximos a aparecer? A bailarina aparece na mão esquerda ou na mão direita? Quantos bolinhos podemos colocar em cada bandeja? Qual é o maior pote dos três? Na fábula A menina do leite, por exemplo, é possível explorar várias ideias matemáticas.